Pilates ajuda na hipertrofia? O que a ciência diz sobre o impacto do método no ganho de massa muscular
- Maria Fernanda Assis
- há 4 dias
- 4 min de leitura
A busca por hipertrofia muscular costuma girar em torno de treinos resistidos com cargas altas e séries volumosas.
Nesse cenário, o pilates parece distante da musculação, mas cresce o interesse por estratégias complementares que otimizem o processo de construção muscular de forma segura e inteligente.
Afinal, o pilates ajuda ou não no ganho de massa muscular? Ele pode ser integrado ao treino de força com benefícios reais ou serve apenas para alongar e fortalecer de forma leve? Essas perguntas não têm respostas simples, mas a ciência e a prática clínica já oferecem caminhos claros.
O que é hipertrofia muscular e como ela acontece no corpo

Hipertrofia é o aumento do tamanho das fibras musculares. Esse processo ocorre quando o corpo é exposto a um estímulo de sobrecarga. como o levantamento de pesos ou exercícios de resistência, e responde adaptando a estrutura muscular para lidar com essa exigência.
Três pilares sustentam esse processo: estímulo mecânico (treino), nutrição adequada (especialmente a ingestão de proteínas) e recuperação (sono e descanso entre sessões). O ganho de massa muscular exige progressão de carga, repetição controlada e foco nos grupos musculares-alvo.
No entanto, o estímulo mecânico não precisa, obrigatoriamente, vir da musculação clássica. O pilates, quando bem estruturado, também ativa fibras musculares com resistência, mesmo sem pesos tradicionais.
A diferença está na intensidade do estímulo, que define se o treino promove apenas fortalecimento funcional ou de fato contribui para hipertrofia.
Pilates pode gerar hipertrofia? O que dizem os estudos
O pilates utiliza o peso do próprio corpo, molas de resistência e movimentos controlados para ativar músculos profundos e estabilizadores. Em pessoas sedentárias ou iniciantes, esse tipo de trabalho gera ganho muscular visível.
Dessa forma, programas de pilates promovem aumento na espessura muscular, especialmente em grupos como abdômen, glúteos e paravertebrais, quando praticado com regularidade e com sobrecarga progressiva.
Um estudo publicado no Journal of Bodywork and Movement Therapies demonstrou que praticantes de pilates apresentaram aumento significativo da força e da massa muscular após oito semanas de prática com foco em resistência.
Outro levantamento feito com mulheres na pós-menopausa revelou que o pilates gerou hipertrofia do reto abdominal e melhora da performance funcional.
Por outro lado, o efeito do pilates na hipertrofia tende a ser limitado em indivíduos treinados, que já se adaptaram a estímulos mais intensos. Nesse caso, o método não substitui o treino de força clássico, mas atua como aliado, oferecendo estímulos complementares.
Benefícios do pilates no processo de hipertrofia

O pilates não tem como proposta principal o aumento de massa muscular, mas contribui para um cenário mais favorável à hipertrofia. Um dos principais ganhos vem da ativação do core, região essencial para estabilidade durante exercícios compostos como agachamentos, remadas e levantamentos.
Ao fortalecer a musculatura profunda do abdômen e da lombar, o pilates melhora a biomecânica dos movimentos de força, permitindo melhor recrutamento muscular e maior eficiência no treino.
Outro ponto importante é a correção postural. A má execução de exercícios de musculação, muitas vezes causada por desvios de postura, limita o ganho muscular e aumenta o risco de lesões.
O pilates corrige esses padrões, aprimora o controle motor e melhora a consciência corporal, o que se traduz em movimentos mais seguros e eficazes nos treinos resistidos.
Além disso, o pilates favorece a recuperação muscular e a mobilidade articular, reduzindo tensões acumuladas e aumentando o rendimento nos treinos seguintes. Essa recuperação ativa acelera o retorno aos treinos intensos e reduz o risco de overtraining, especialmente em ciclos com alto volume.
Pilates substitui a musculação para quem busca hipertrofia?
Essa é uma dúvida comum e importante. O pilates oferece resistência, ativa músculos profundos e trabalha força isométrica, mas não promove o mesmo grau de sobrecarga muscular que a musculação com pesos livres, máquinas ou halteres.
Para alcançar hipertrofia em alto nível, é necessário expor os músculos a estímulos crescentes de carga e volume, o que raramente acontece no pilates convencional.
Por isso, o pilates não deve ser encarado como substituto da musculação quando o objetivo principal é hipertrofia. No entanto, pode ser uma estratégia temporária eficaz em momentos de pausa por lesão, reabilitação ou transição de treinos.
Também pode funcionar como porta de entrada ao universo da força para iniciantes ou pessoas com baixa consciência corporal, que ainda não estão prontas para cargas elevadas.
Como combinar pilates com treino de força para potencializar os resultados
Integrar pilates e musculação em uma mesma rotina pode trazer benefícios reais para quem busca ganho de massa muscular com qualidade de movimento. A chave está na periodização inteligente e na escolha dos estímulos certos.
Praticar pilates duas vezes por semana, em dias alternados aos treinos resistidos, é uma estratégia eficaz. Nessa frequência, o corpo colhe os ganhos de mobilidade, alinhamento postural e fortalecimento do core sem interferir no descanso muscular necessário à hipertrofia.
Para atletas avançados ou pessoas em fase de cutting, o pilates também pode ser uma ferramenta de manutenção de tônus com menor impacto articular.
Os métodos mais eficazes para esse objetivo são o pilates com aparelhos (como o Reformer e a Chair), que permitem maior ajuste de resistência, e o pilates funcional, que inclui movimentos globais com foco em força dinâmica.
Sessões com foco em resistência isométrica, controle e ativação muscular profunda complementam muito bem treinos de força baseados em padrões como empurrar, puxar e agachar.
Conclusão: vale a pena fazer pilates para ganhar massa muscular?
Sim, desde que o pilates seja utilizado de forma estratégica e com entendimento claro de sua função dentro do processo de hipertrofia. O método contribui com fortalecimento, melhora da postura, ativação muscular e controle de movimento, fatores que aumentam a qualidade do treino de força e diminuem o risco de lesões.
Embora não substitua a musculação como principal estímulo para aumento de volume muscular, o pilates oferece ganhos reais e mensuráveis, principalmente quando aliado a um plano bem estruturado de treino resistido.
Na prática, quem busca hipertrofia consistente pode se beneficiar ao incluir o pilates na rotina como complemento inteligente e seguro.
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